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JANAÍNA ROMÃO E THAIZ MENDONÇA: A CONSEQUÊNCIA TRÁGICA DO ÓDIO SEM LIMITE E A JUSTIÇA TARDIA


Por: TATYANA MARQUES SANTOS DÉ CARLI - Advogada

Diretora do Observatório ABRA – Justiça Sem Preconceito.

O Brasil, especialmente o Distrito Federal, iniciou essa semana com duas notícias impactantes, na verdade antagônicas. O assassinato de Janaína Romão pelo seu ex-marido, uma mulher no auge de sua vida com apenas 30 anos de idade e funcionária do Ministério dos Direitos Humanos e a notícia da justiça sendo concretizada depois de 30 anos com o início do cumprimento da pena de Marcelo Bauer que também assassinou sua namorada, Thaiz Muniz Mendonça, com apenas 19 anos na época, em Brasília/DF.

Ambas foram esfaqueadas por aqueles em que mais confiavam, por aqueles que deviam protegê-las.

O mesmo fato, o mesmo modus operandi com um intervalo de tempo de 30 anos. O fato é que o mundo evolui, a legislação se aprimora, mas o comportamento do homem é o mesmo nos últimos 30 anos.

Quanto mais se busca meios para coibir o preconceito de qualquer natureza e combater a violência contra o ser humano mais o poder de polícia de mostra impotente diante dos crimes que ocorrem na sociedade, principalmente contra a mulher.

Sexo frágil? Como compreende que aquela que estuda, forma-se em curso de nível superior, cuida da família, trabalha fora, se prepara para o doutorado seja considerada sexo frágil? Menos força física pode ser, mas talvez nem isso.

Ocorre que, quanto mais a mulher buscar se destacar, se aperfeiçoar e se profissionalizar mais o mercado e a sociedade exigem dela. Sempre tem que buscar muito mais para provar que é tão competente quanto o homem. Mas, às vezes um terno de corte italiano fala mais alto.

O lar já não é mais mantido somente pelo homem. Se a mulher não colabora, o homem sozinho não consegue mais sustentar a família.

As conquistas das mulheres nas últimas décadas comprovam que na comparação elas se mostram mais competentes, mais detalhistas, mais conciliadoras e é por isso e muito mais que merecem respeito, amor e proteção especial.

Espera-se que o despertar da sociedade para mudar essa situação de fingimento não demore mais 30 anos. Sim, porque fingimos que não há problemas sociais para serem resolvidos, os políticos fingem que fazem política e pior, a sociedade finge que está tudo bem, porque sempre foi assim.

Sabe porquê? Porque fingimos que o simples fato de existir uma lei que protege a mulher, que oferece meios de proteção quando ameaçada e aumenta a pena daquele que lhe tira vida é o suficiente. O problema é mascarado ao invés de enfrentado, pois se tem mais políticas públicas de estatísticas do que solução prática e efetiva da norma que prevê os meios de proteção do ser mulher vítima das agressões físicas e verbais dos homens viris.

Há muito o que mudar, seja do ponto de vista cultural quanto educacional.

E é nesse contexto, que a Associação Brasileira de Advogadas (ABRA), fundada em setembro de 2017, com o ideal de atuar em defesa da efetiva aplicação do princípio constitucional da igualdade de direitos às advogadas se posiciona na sociedade, também, como uma ferramenta de apoio e luta na defesa dos direitos de igualdade da mulher vítima de violência e assassinato.

A ABRA se solidariza com a família das vítimas de feminicídio aqui destacadas e informa que estará alerta e atuante quando o Poder Público se mostrar ausente.

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