O Ministério das Relações Exteriores (MRE) lançou a campanha #maismulheresdiplomatas, que pretende estimular o ingresso de mulheres na carreira diplomática. Embora mais da metade da população brasileira seja composta de mulheres, elas representam apenas 23% dos diplomatas a serviço do Brasil. Para mudar essa realidade, o Itamaraty espera ampliar a discussão sobre a carreira e esta questão por meio de materiais de comunicação veiculados nas redes sociais do órgão.
2018 marca os 100 anos da entrada de Maria Rebello Mendes na carreira diplomática brasileira - a primeira mulher a ocupar um cargo na carreira, à época com necessidade de recorrer à justiça para ter sua inscrição no concurso aceira e homologada. Neste ano de comemoração, observa-se que de lá para cá, houve avanços, ainda que lentos, mas apesar disso os desafios permanecem. Ainda hoje, é comum haver uma divisão de tarefas baseadas em estereótipos sobre homens e mulheres, mesmo dentro da instituição.
É possível notar que o histórico da presença feminina é recente e ainda precisa de muita abertura. Apenas entre 2007 e 2013, a Missão Permanente do Brasil junto às Nações Unidas foi chefiada, pela primeira vez, por uma mulher. Entre 2009 e 2013, período que coincidiu com o mais recente mandato eletivo do Brasil no Conselho de Segurança (2012-2013), também o cargo de representante alterno da missão foi ocupado por uma embaixadora.
A chefe da Divisão de Paz e Segurança Internacional, Viviane Rios Balbino, desde sua entrada na instituição estranhou a ausência de representatividade feminina dentro do órgão, mesmo diante de um concurso sem imposição de vagas por gênero. O que a levou a desenvolver densa pesquisa sobre o tema que resultou em uma dissertação de mestrado, posteriormente convertida no livro: “Diplomata. Substantivo Comum de Dois Gêneros – um Estudo sobre a Presença das Mulheres na Diplomacia Brasileira”.
Ao pesquisar os motivos de tamanha desigualdade de gênero, concluiu que se tratava de preconceito e de uma expressão do afastamento das mulheres dos espaços de poder, que também ocorre em diversas outras áreas da sociedade. “Era a política, porque o Itamaraty é um órgão eminentemente político”, destaca.
Apoiadora da campanha, Viviane Balbino acredita que, internamente, a iniciativa levará à ampliação do debate sobre a necessidade de políticas afirmativas para mulheres no Itamaraty. E de forma paralela levará essa discussão para fora das paredes da instituição, trazendo a sociedade o conhecimento da demanda e abrindo possibilidades às mulheres para que conheçam e se interessem pela carreira.
(fonte: Diário do Poder)