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Nas mãos das mulheres


Número de mulheres votantes é tão maior que se pode dizer que elas decidirão o resultado da eleição de 2018

O eleitorado brasileiro soma 147 milhões de pessoas. De cada dez cidadãos, sete são eleitores. As mulheres atingem 77,3 milhões de votantes, 7,5 milhões a mais do que os homens. É uma diferença tão substancial — 5 pontos percentuais no total do eleitorado — que se pode dizer que elas decidirão o resultado da sucessão de 2018.

No pleito passado, havia 6 milhões a mais de eleitoras do que de eleitores. A superioridade feminina se expande e a responsabilidade delas também. Estrato ainda mais importante são as mulheres entre 25 e 59 anos, núcleo que concentra o maior segmento eleitoral brasileiro. O candidato que pretende eleger-se presidente da República precisa direcionar seu discurso e suas propostas a elas.

As pesquisas têm demonstrado que as mulheres têm se revelado hesitantes em relação ao próximo pleito presidencial. Nada menos que 80% delas se disseram indecisas ou declararam voto branco ou nulo, quando lhes pediram para espontaneamente mencionar em quem pretendem votar. Entre os homens, esse índice é de 58%.

Nas últimas quatro eleições, a taxa entre as mulheres nunca foi tão alta a três meses do pleito. Mesmo quando confrontadas com a lista de disputantes, 41% das mulheres se dizem sem candidato — índice 16 pontos percentuais acima dos homens.

Para o bem do país, pesquisas mundo afora têm demonstrado que, em geral, as mulheres votam de modo mais qualificado do que os homens. Tomam suas escolhas levando em conta as respostas que os candidatos dão aos problemas sociais e ambientais e a relevância que atribuem à desigualdade de gênero.

Os levantamentos mostram que é significativamente maior entre as mulheres, por exemplo, o apoio ao maior tempo de licença para que os pais cuidem do filho, à eliminação de energias sujas, à regulação de salários iguais para funções iguais ou a políticas de redução da desigualdade social e econômica.

A agenda engajada das mulheres é janela de esperança para que os candidatos se empenhem na elaboração de propostas que, buscando conquistá-las, acabem por melhorar a qualificação do debate — até o momento, aquém das exigências do país.

No Brasil, é notável que a maioria feminina no eleitorado não se reflita sequer na disputa pelo poder. Entre os postulantes à Presidência, há apenas duas mulheres. No Congresso Nacional, são apenas 63 mulheres dentre as 594 cadeiras.

A taxa da presença feminina no Parlamento — 10,6% — deixa o Brasil na 152ª posição no ranking mundial de empoderamento. É a pior performance das Américas, sendo superada até por países do Oriente Médio repetidamente criticados por restringirem direitos das mulheres. São números escandalosos. E, como bem observou a escritora francesa Simone de Beauvoir (1908-1986), o mais escandaloso dos escândalos é que nos habituamos passivamente a eles.

FONTE: Época

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